17 de nov. de 2010

Melancólico fim de um legado

Porto Alegre parece não valorizar o seu patrimônio arquitetônico. A contradição reside em uma cidade que se orgulha do seu patrimônio cultural, mas não valoriza seus prédios históricos. Poucos consideram o legado arquitetônico de gerações como um elemento que integra o patrimônio cultural da cidade. No entanto, tudo isso é importante para reforçar a identidade de um povo, além da importância econômica desta questão quando todo esse patrimônio é explorado sob o olhar do turismo.
A demolição do casarão da Azenha
O que acontece quando uma construtora sem nenhuma identidade com a cidade se propõe a construir mais um espigão em Porto Alegre e vê na sua planta um imóvel centenário? Derruba. Por isso que existem os mecanismos legais de controle. No entanto, quando estes falham, uma parte da memória da cidade se apaga. É o que aconteceu com este imóvel.
A Prefeitura de Porto Alegre não consultou o EPHAC sobre o valor histórico do imóvel e autorizou a demolição. Obviamente não havia interesse dos proprietários em tombar o imóvel. Mas quando se trata de um patrimônio cultural, toda a sociedade deve ser consultada. Moradores do local, liderados pela advogada Elaine Fraga, protestaram a demolição do imóvel. No entanto, nem mesmo o abaixo assinado organizado pela comunidade local foi suficiente para frear a destruição do casarão.
O Vivendo Porto Alegre esteve no Bairro Azenha em 28 de abril deste ano e fotografou o imóvel demolido recentemente. Na época foi feita uma postagem ressaltando o valor arquitetônico do imóvel. Embora necessitasse passar por um processo de restauração, a forte estrutura do imóvel estava em boas condições.
O Bairro Azenha
A história do Bairro Azenha se confunde com a história da própria cidade de Porto Alegre. Foi palco da Revolução Farroupilha, quando os farrapos Gomes Jardim e Onofre Pires aguardavam junto com cerca de 200 homens, no morro da Azenha, o atual cemitério São Miguel e Almas (além de um piquete com 30 homens nas imediações da ponte da Azenha, comandado por Manuel Vieira da Rocha), o amanhecer do dia 20 de setembro de 1835, para investir contra os muros da vila.
Embora a flagrante importância histórica do bairro, não há o merecido valor por parte da cidade. O imóvel que foi recentemente demolido poderia ter sido aproveitado como um centro cultural, ou um memorial, resgatando a história do bairro e da cidade. No entanto, nada mais resta do prédio.
Para ver mais fotos do local, clicar aqui.

4 comentários:

Sciarada disse...

Buongiorno Carlos, I wonder how some fail to understand the great value of a building that tells the story by itself, to see those decorations fragmented land is bad for the heart!

Pithan Pilchas disse...

Buenas,

esse tipo de perda não é só material. A história acaba perdendo-se junto.

ótimo post

abraço

Paulo

Aliene lemes disse...

Olá, obrigada pelo elogio ao meu blog =) o seu é mto bom também!

Quanto ao texto e reportagem, sou de SM mas, embora pouco, eu conheço POA.
Com certeza é uma perda histórica não só para POA e sim para o RS, é como se destruíssem nossa antiga estação ferroviária de SM ou Vila Belga que agora são conservados, ainda bem que o valor simbólico permanece destes lugares e monumentos, isto não se perde tenho absoluta certeza jamais.

um abraço.

Aline disse...

Bah, lamentável...