Sábado, dia 17, às 9 horas, ocorreu a abertura do cruzamento entre a Rua Ramiro Barcelos com a Avenida Protásio Alves.
Ao que parece, taxistas pressionaram a Câmara de Vereadores, que por sua vez procuraram a Prefeitura, que finalmente acabou promovendo a alteração através da Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC (tudo em um processo de negociação que durou cinco anos).
A mudança, em caráter experimental, gerou polêmica e direito a enquete em rádio, com direito à participação do novo Diretor da EPTC (irritado com a enquete, sugerindo tratar-se a pesquisa de uma questão simplista).
A EPTC montou uma grande operação na região, com vários fiscais de trânsito (os azuizinhos), caveletes e tudo mais.
Muito barulho por tão pouco
Porto Alegre precisa de soluções definitivas. Abrir um cruzamento após ter sido fechado a quinze anos atrás é piada. O que dizer então daqueles que comemoraram a mudança? Tudo não passa de mais uma jogada política, tanto de quem é a favor quanto de quem é contra, pois nada melhor para quem é governo colocar azuizinhos zelosos orientando o trânsito. Visibilidade é importante para quem está na condição de administrador. Para quem não é governo, é ótimo ter o que criticar (ainda mais em período eleitoral).
A questão não é se o cruzamento deve se manter fechado ou deve ser aberto. A questão é: como enfrentar os problemas gerados pelo aumento expressivo de automóveis. Devemos continuar buscando ações paliativas ou encontrar soluções definitivas para os problemas da cidade?
Porto Alegre tem - ou tinha - o segundo maior índice de verticalização do Brasil, perdendo apenas para o Rio de Janeiro. A cidade possui, aproximadamente, um carro para cada dois habitantes. A matriz rodoviária é uma opção brasileira equivocada, mas parece que ao invés de tentarmos encontrar soluções, a cada ano nos abraçamos com maior intensidade a essa opção.
E a debutante Linha 2?
Não estou certo, mas pelo que me lembro não houve tanto barulho quando o Governo Federal declarou que não haveria tempo para construir a Linha 2 do metrô (tendo em vista a próxima Copa do Mundo), e que começá-la agora não seria interessante, pois causaria transtornos para a organização da Copa de 2014.
A Linha 2 é um projeto que já dura quinze anos. Por quinze anos nossas autoridades não foram capazes de colocar suas diferenças de lado e encaminhar uma alternativa ao esgotamento rodoviário. Como todos foram responsáveis pela morosidade no encaminhamento deste projeto (em maior ou menor grau, já que é uma questão que envolve Município, Estado e Governo Federal), e como não há mais oposição na América portuguesa, a notícia foi recebida com naturalidade.
Vou-me embora para Jacarta
Se o metrô é caro, o que tem a dizer as nossas respeitáveis autoridades sobre o aeromóvel? Tecnologia nacional; barata; rápida instalação; fácil ampliação (já que o sistema é modular); mínimo nível de intervenção na rotina da cidade; econômico; ambientalmente desejável; eficaz e seguro. Não tem, é claro, a mesma capacidade de carga efetiva do que o metrô, mas é uma ótima opção para Porto Alegre. Mas há quem prefira as linhas de ônibus transversais (T1, T2, ...) e circulares (C1, C2, ...).
Como vai o Aeromóvel? Muito bem, obrigado. Responderia qualquer cidadão de Jacarta. Em operação na Capital da Indonésia há mais de uma década, por aqui não passa de uma curiosidade para os turistas que visitam a Usina do Gazômetro. A invenção do gaúcho Oskar H.W. Coester jamais despertou o interesse das inúmeras autoridades que já governaram Porto Alegre. Talvez estejam esperando o trânsito de Porto Alegre chegar no nível de organização da Índia (sem querer ofender os indianos).
Os dois projetos existentes são da PUC/RS, que irá cruzar a Avenida Ipiranga e o da TRENSURB, que irá interligar o Aeroporto Salgado Filho com a Estação Aeroporto, da Linha 1.
Derrubando muros
Como pensar em ciclovias em um trânsito que ganha a cada dia mais e mais automóveis? Por que não pensar no Guaíba como uma alternativa de transporte? Não é apenas o Muro da Mauá que deve cair, mas também o nosso arquétipo sobre o transporte na Capital.