24 de jun. de 2011

Nas quatro estações

O outono, a estação das folhas, se foi. Aos poucos, as folhas deixarão as ruas. Seja pelo processo de decomposição natural da matéria orgânica, seja através da ação de limpeza do Município, ou por iniciativa dos responsáveis pelas suas calçadas. A natureza, aliás, tem sido mais eficaz neste processo.
folhas acumuladas no cordão da calçada na Rua Santana, no fim do outono
Rua Santana, no início de junho.

As folhas desaparecem, mas outros corpos permanecem inertes nas ruas, praças, calçadas, e em praticamente todo o espaço de uso comum: são os detritos resultantes da atividade humana. O lixo.
lixo acumulado misturado com folhas caídas durante o outono

Certo dia conversei com um grupo de estudantes de intercâmbio sul-coreanos. Eles apontaram como o principal ponto negativo da cidade a sujeira nas ruas. Na expressão usada por um deles, a falta de higiene nas ruas. Esta é uma mancha difícil de se tirar da imagem da cidade, porque está relacionada não apenas à prestação de um serviço público - que aliás, tem deixado muito a desejar - mas inclusive por estar associada a um contexto cultural.
funcionária do DMLU retirando o lixo acumulado em uma praça no centro de PoA

A foto acima mostra o trabalho solitário de limpeza de uma praça na região central da Capital. Outro dia uma equipe do DMLU estava realizando a limpeza junto às duas margens do Arroio Dilúvio. Tais ações, no entanto, estão muito aquém das necessidades de uma cidade que produz muitos resíduos e cujos cidadãos não parecem se incomodar com o convívio tão próximo do lixo.
lixo acumulado na Avenida Ramiro Barcelos, próximo ao Campus Saúde da UFRGS
Avenida Ramiro Barcelos, próximo ao Campus Saúde da UFRGS.

Em vários países europeus podemos ver ruas tão limpas quanto se pode imaginar. Talvez o trauma vivido durante a peste bubônica durante a Idade Média tenha contribuído para esta conscientização. Precisaremos viver um trauma semelhante para mudar a nossa postura frente ao lixo que se acumula nas ruas? Em alguns lugares é possível ver ratos em plena luz do dia. Sem mencionar as pombas, que também transmitem doenças e circulam livremente entre os pedestres no Centro de Porto Alegre.
Pombas disputam restos de comida em lixo abandonado na Jacinto Gomes.

As ruas japonesas são outro exemplo a ser seguido. A disciplina e a organização oriental contribuem muito para a intolerância ao lixo nas ruas. Por aqui, a cultura da sacola plástica surpreende negativamente as pessoas que escolhem Porto Alegre para viver.
No entanto, o mais difícil não é conviver com o lixo, mas com a passividade e aceitação das pessoas que dividem o espaço com ele diariamente.

2 comentários:

gadisBunga™ disse...

seems like we face the same garbage problem like my place. or attitude problem, perhaps?

Carlos Ribeiro disse...

Hello gadisBunga!
I believe it is an attitude problem.
A great week for you!